segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Os desafios da Sustentabilidade para o Mundo Corporativo

Semana passada assisti a uma palestra de Ricardo Young (ex-presidente do Instituto Ethos) onde ele falava sobre os desafios que as empresas atuais encontram para estarem alinhadas com a necessidade de se construir nos próximos 40 anos um padrão autossustentável.
De acordo com Ricardo Young existem 4 grandes desafios a serem vencidos pelas empresas:
1. Compreender quais são as Externalidades de uma empresa. As externalidades são os "efeitos colaterais", ou seja, são os efeitos, positivos ou negativos, causados a terceiros pela sua empresa, sem que estes tenham a oportunidade  de impedi-los. Referem-se aos impactos de uma decisão sobre aqueles que não participam dessa decisão. Um exemplo simples é a emissão de gás carbono emitido pela frota veicular de uma empresa que afeta toda uma comunidade. O que esta empresa está fazendo para diminuir ou acabar com a emissão de carbono? O importante é que os empresários percebam que a empresa é o elo de uma cadeia, que nenhuma empresa é uma ilha e que o não controle de suas externalidades, no futuro, empatará a sua competitividade. As empresas que conseguirem gerir bem as suas externalidades serão mais competitivas e terão um maior valor no mercado.
2.  Cultura da Gestão Sustentável da Empresa. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não-governamental com sede na Holanda, cuja missão é desenvolver e disseminar globalmente diretrizes para a elaboração de relatórios de sustentabilidade utilizadas voluntariamente por empresas do mundo todo e, desde seu início em 1997, tem focado suas atividades no desenvolvimento de um padrão de relatório que aborde os aspectos relacionados à sustentabilidade econômica, social e ambiental das organizações. A GRI busca atribuir aos relatórios de sustentabilidade a mesma utilidade e seriedade dos relatórios e balanços financeiros, conferindo-lhes o status de documento.
Neste ponto, supondo que a sua empresa esteja comprometida com a sustentabilidade, é relevante questionar se a atual gestão de sua empresa faz uma integração entre os relatórios financeiros com os relatórios de sustentabilidade. Se na sua empresa há um balanço social. Se é levado em consideração o interesse de todas as partes interessadas (fornecedores, produtores, consumidores, etc.). Ricardo Young deixa claro que as empresas devem desenvolver uma relação de confiança com mudança de valores. Mas como otimizar uma produção elevando seu lucro e mitigando os riscos? Que empresa paga para mapear, dialogar e construir uma relação de confiança?
3. Investimento em tecnologia. A tecnologia passou a ser um ponto crucial porque é só através de alta tecnologia que produziremos com impacto zero para o Planeta. Aqui é importante ter em mente que o ideal para as empresas é que o ciclo de vida dos produtos tem que dar zero, por exemplo, como reutilizar os pneus que já foram usados. O importante é que nada sobre para a Natureza. Aqui podemos destacar a Lei dos Resíduos Sólidos que estabelece: a) o conceito de ciclo de vida dos produtos, considerando todas as etapas de produção: desenho, matérias primas, produção, armazenamento, reciclagem e disposição final, b) embalagens devem facilitar a reutilização e a reciclagem, restringindo o volume e o peso, c)responsabilidade compartilhada pós-consumo entre os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e consumidores, d) logística reversa onde as empresas estabelecem sistemas de retorno pós-consumo de embalagens de agrotóxicos, baterias, pilhas, óleos lubrificantes, lâmpadas fluorescentes, produtos eletroeletrônicos, etc., independentes dos serviços de limpeza pública, e) criação e desenvolvimento de cooperativas e associações de trabalhadores em materiais recicláveis como parte dos processos de logística reversa e inclusão social. De acordo com a cientista, Janine Benyus, qual é o laboratório mais sustentável do planeta? A Natureza. Na Natureza não encontramos lixo, tudo é reutilizado em outras cadeias. E talvez nela devêssemos nos inspirar para a criação de uma empresa sustentável.
4. Marcos Regulatórios. O marco regulatório é responsável pela criação de um ambiente que concilie a saúde econômico-financeira das empresas com as exigências e as expectativas do mercado consumidor. Por exemplo, no caso específico da telefonia no Brasil, esse organismo é a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Só que existe um tempo para que os marcos regulatórios de Sustentabilidade que já estão sendo usados passem a ser Lei. E como fazer com que esses marcos regulatórios ainda "ilegais" sejam aceitos e utilizados pela área jurídica de sua empresa, já que jurídico existe exatamente para fazer com que as empresas não corram riscos. Talvez o melhor caminho a ser seguido seja o departamento jurídico trabalhar tanto com os marcos regulatórios "não legais" e como também com os legais que já estão em andamento. E como lidar com os bancos que "por definição"  têm aversão ao risco? Como conciliar tudo isso? 

Concluindo, a Empresa do Século XXI será uma empresa onde a ética e a transparência prevaleçam. E tudo será possível a partir da conscientização de empresários, CEOs, CFOs, gerentes, assistentes,consumidores, etc. Na realidade tudo é conscientização do indivíduo como um elemento importante dentro dessa cadeia que deve ser autossustentável.